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COVID-19

Ministério da Saúde admite ineficácia de 'kit covid' com cloroquina

Redação Portal de Franca
15/07/2021 09:58

Medicamentos como cloroquina e hidroxicloroquina não têm eficácia no combate à Covid-19 e, portanto, não são recomendados pelo Ministério de Saúde para este fim. Também não está em avaliação incluí-los na lista de indicações ao tratamento da doença. A informação consta em nota técnica enviada pela pasta à CPI da pandemia.

Segundo o documento, alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos nos pacientes hospitalizados, “não devendo ser utilizados”.

Entre os fármacos desaconselhados pela pasta para quem está internado estão a hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. O ministério também reforça que o uso da ivermectina não possui evidência científica.

A nota técnica não faz referência a qualquer  evidência do benefício do uso das substâncias de forma profilática ou nos estágios iniciais da doença, o chamado tratamento precoce. E enfatiza que não está em avaliação incluir cloroquina como medicamento indicado em qualquer fase do tratamento à doença.

“Não há, no âmbito da Conitec, demanda para análise de incorporação da cloroquina ou hidroxicloroquina para tratamento da Covid-19”, diz a nota.

Conitec é a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias, órgão de assessoramento do SUS.

A orientação vai no sentido contrário do que prega o presidente da República, Jair Bolsonaro, desde o início da pandemia.

Durante a gestão de Eduardo Pazuello, o Ministério da Saúde chegou a enviar pedidos a órgãos como a Fiocruz solicitando “a ampla divulgação” do uso da cloroquina por ser parte da estratégia da pasta na redução do número de casos da Covid-19.

A CPI pediu esclarecimentos ao Ministério da Saúde após depoimento do ministro Marcelo Queiroga à comissão.

Questionado sobre sua avaliação acerca do uso de cloroquina e do “kit Covid”, ele por diversas vezes fez referência à análise encomendada por ele à Conitec sobre o protocolo a ser adotado.

O documento enviado à CPI confirma que o ministro encomendou a formulação de “diretrizes” para o tratamento da doença, material que foi colocado em consulta pública.

Nele, a Conitec indica as seguintes terapias farmacológicas: anticoagulantes em dose de profilaxia para tromboembolismo, corticoesteroides nos pacientes com uso de oxigênio suplementar, tocilizumabe em casos específicos e em pacientes em “franca deterioração clínica” e antimicrobianos para aqueles que têm suspeita de infecção bacteriana associada - estes últimos não devem ser usados como de rotina, diz o ofício.

“Alguns medicamentos foram testados e não mostraram benefícios clínicos na população de pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados, sendo eles: hidroxicloroquina ou cloroquina, azitromicina, lopinavir/ritonavir, colchicina e plasma convalescente. A ivermectina e a associação de casirivimabe + imdevimabe não possuem evidência que justifiquem seu uso em pacientes hospitalizados, não devendo ser utilizados nessa população”, destaca o documento.

A CPI da pandemia investiga, dentre outras coisas, o possível favorecimento financeiro à empresas produtoras desses remédios e a médicos que propagandearam o uso do “kit Covid”.

Também é investigado se empresas de comunicação contratadas pelo governo e funcionários públicos a serviço de Bolsonaro usaram suas redes sociais para divulgar o tratamento precoce com dinheiro público.

*CNN Brasil

Foto: Reprodução