Bactérias resistentes aos medicamentos, conhecidas popularmente como superbactérias, causam a morte de milhares de pessoas todos os anos. O problema está diretamente associado ao uso em excesso e de maneira incorreta de antibióticos.

Um estudo de proporções globais, feito em 204 países e territórios e publicado na revista científica Lancet, uma das mais conceituadas do mundo, revelou que cerca de 1 milhão e 200 mil pessoas morreram em 2019 devido a infecções bacterianas resistentes aos antibióticos. Esse número é superior a mortes causadas por doenças como Aids ou malária, que, no mesmo ano, causaram 860 mil e 640 mil mortes, respectivamente.

Segundo o estudo, os óbitos são causados por infecções comuns e tratáveis, como doenças respiratórias e da corrente sanguínea, mas que acabam se complicando em razão da resistência ao tratamento que as bactérias adquirem.

Em 2016, um relatório do governo britânico estimou que, se não fossem feitas mudanças em nível global, a resistência a antibióticos poderia levar à morte de 10 milhões de pessoas por ano a partir de 2050, o que significa uma morte a cada 3 segundos.

Para os autores do estudo mais recente, no entanto, essa possibilidade está mais próxima do que se imaginava e os dados agora divulgados são sinal claro de que é preciso agir para combater essa ameaça.

Aqui no Brasil, de acordo com informações divulgadas pela Fiocruz, a detecção de bactérias resistentes a antibióticos triplicou em meio à pandemia de covid-19. Em 2019, pouco mais de mil amostras de bactérias resistentes a antibióticos foram enviados para análise aprofundada  do Instituto.

Em 2020, primeiro ano da pandemia, o número de amostras positivas passou para quase 2 mil e, entre janeiro e outubro de 2021, último mês com dados publicados, a Fiocruz já contabilizava mais de 3, mil e 700 amostras confirmadas, um aumento de mais de três vezes em relação a 2019, período pré-pandemia.

De forma geral, a recomendação para a população é usar de antibióticos apenas sob prescrição médica seguindo corretamente as orientações sobre horários e dosagens.

Foto: Reprodução / Laboratório Oswaldo Cruz